quinta-feira, 17 de outubro de 2013

REUTILIZAÇÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL



RESUMO

No Brasil, cerca de 90% dos resíduos sólidos produzidos em um canteiro de obra são passíveis de reciclagem e reutilização. A gestão de resíduos se faz necessária para a redução da poluição emitida com a fabricação de novos produtos,  diminuição da necessidade de áreas para aterro devido à redução do volume de resíduos a serem depositados e preservação de recursos naturais com a substituição destes por resíduos, prolongando a vida útil das reservas naturais e reduzindo o impacto ambiental.
Palavras-chave: Resíduos sólidos, Canteiro de obra, Reciclagem, Reutilização, Gestão de resíduos.

INTRODUÇÃO
Os resíduos produzidos pela construção civil representam 40 % de todo o resíduo produzido pela atividade humana, tendo uma representatividade de 0.,40 à 0,50 t/hab.ano, sendo este valor igual ou superior à massa de lixo urbano. Sendo que na maioria das vezes esse entulho é retirado da obra e disposto clandestinamente em locais como terrenos baldios, margens de rios e ruas da periferia.
Os resíduos da construção civil (RCC) são os materiais rejeitados utilizados na execução das etapas de obras.

 “são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha” (CONAMA – resolução 307, de 5 de julho de 2002)

Diversos são os impactos causados pelo RCC no meio urbano podendo gerar problemas de saúde pública e diminuição dos recursos naturais. Por isso o CONAMA obriga as obras a terem uma correta segregação, classificação e destinação finais dos dejetos, e que o poder público municipal e os geradores tenham responsabilidade sobre à sua disposição final. Quando o gerador é pequeno, sendo este o que gera menos de 50kg/dia, toda a logística da saída dos dejetos da obra ate a sua destinação final é de responsabilidade da limpeza urbana municipal.
O CONAMA fez uma classificação dos resíduos da construção civil, sendo a classificação a seguinte:
·       Classe A: resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados;
·       Classe B: resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
·       Classe C: Resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem;
·       Classe D: resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, como telhas e demais;
A argamassa, o concreto e material cerâmico correspondem a mais de 60% do total de resíduos gerados, seguidos pelas rochas e solos.



A reciclagem e reutilização dos RCC possibilita uma redução no consumo de recursos naturais, no consumo de energia, da poluição e de áreas para aterro. Para que se consiga uma máxima reciclagem dos RCC é preciso que seja feita uma boa triagem. Para isso foi desenvolvido cores diferentes para cada recipiente correspondente a um resíduo, como podemos ver na tabela abaixo.


Algumas sugestões para a reciclagem ou reutilização dos RCC são:
·       Vidro: pode ser reciclado em novo vidro ou fibra de vidro;
·       Papel, papelão, plástico de embalagens e metais: podem ser doados para cooperativas de catadores;
·       Telha: usada para fabricação de bloco de pavimentação e para adições na fabricação de asfalto;
·       Resíduos de alvenaria, tijolos, cerâmicas e pedras: podem ser utilizados na produção de concretos e de concretos especiais, para a massa de fabricação de tijolos, a parte fina pode ser utilizada como material de enchimento;
·       Madeira: pode ser utilizada na obra e caso esteja danificada pode ser triturada e usada na fabricação de papel, papelão ou combustível;
·       Sacos de cimento: devem retornar à fábrica para utilização como combustível na produção de cimento;
·       Concreto: pode ser reutilizado na fabricação de novos concretos, tijolos e tubos de concreto;
·       Gesso: pode ser reciclado para produção de novo gesso ou reutilizados na agricultura, secagem do lodo de esgoto, controlar odores em estábulos;
·       Aço: este resíduo é 100% reciclável;
A reutilização desses resíduos é uma prática que vem sendo incorporada pela construção civil nos últimos anos, ainda que o percentual de reciclagem no Brasil seja muito baixo, menos de 5% dos 65 milhões de toneladas de resíduos geradas anualmente.
Muitos países desenvolvidos tecnologicamente na área de construção civil já prática a reutilização dos RCC em suas obras diminuindo os impactos no meio ambiente e os custos das construções. No Brasil algumas obras utilizaram e devem utilizar essa tecnologia, e em especial na Bahia temos o caso do estádio Arena Fonte Nova, o qual foi demolido e todo o RCC produzido foi reutilizado na construção do novo estádio. Grandes projetos nacionais como o Minha Casa Minha Vida, Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 devem fazer uso dessa tecnologia.


CONSIDERAÇÕES FINAIS
          A importância dessa pesquisa está em debater a segregação, condicionamento e disposição final qualificada dos resíduos, que ainda não são realizados de forma adequada e integrada às atividades produtivas do canteiro de obras. Desta maneira, podem-se conscientizar os construtores de que através de alterações nos sistemas construtivos existentes há condições de diminuição da geração de resíduos.
          Acreditando que as empresas que escolhem Implantar a Gestão de Resíduos adotando uma nova postura gerencial em suas atividades diárias, tornam-se empresas mais produtivas e com maior competitividade. Havendo uma melhora significativa da organização e limpeza dos canteiros, redução das perdas e dos riscos de acidente de trabalho, segregando-se os resíduos e destinando-os de forma a possibilitar a reciclagem ou o condicionamento adequado.

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004. 71p.
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (2002). Resolução Nº 307, de 5 de julho de 2002. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação. Publicada no Diário Oficial da União em 17/07/2002.


TURMA: SP-V1-EC   UNIFACS 2013

Um comentário:

  1. A construção civil é uma das mais importantes atividade de desenvolvimento e social, mas por outro lado, é grande geradora de impactos ambientais, com degradação e a fragmentação de ambientes naturais. Seja pela modificação da paisagem ou pela geração de resíduos, "o grande desafio" é o que realmente vai fazer a diferença. Conciliar uma atividade produtiva (sendo esta de tamanha magnitude) com as condições que conduzam a um desenvolvimento sustentável consciente, menos agressivo ao meio ambiente requer grandes mudanças culturais e ampla conscientização.
    Trata-se de tratar as questões ambientais de forma pró-ativa e abrangente, buscando soluções que permeiem toda a cadeia produtiva do setor. Como, Desenvolver pesquisas com universidades, promover seminários, participar de fóruns para discussão e elaboração de legislações e normas técnicas, promover cursos e programas de capacitação sobre temas relacionados ao desenvolvimento sustentável.
    Envolver a todos nesse desafio. Promovendo ações em parcerias com Comitê de Meio Ambiente, Sindicato das Indústrias e Construção Civil, Comitê de Meio Ambiente, Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil e os demais que já envolvidos efetivamente na área em questão. Criando resoluções que se estabeleça diretrizes, critérios e procedimentos para a Gestão dos Resíduos da Construção Civil, criando responsabilidades para a cadeia gerador / transportador / receptor / municípios / estado.

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